Data: 04/03/2012
De: Cristina Reis
Assunto: Re:Re:Literatura Nacional
J.C.Hesse,
Concordo plenamente em número, gênero e grau com todas as tuas palavras. Um exemplo que veio da minha infância, foi no internato de freiras. E foi ali que me fez gostar da literatura e da história universal. Quando uma menina rebelde que não aceitava a nenhuma norma ou regulamento imposto como regra para uma boa convivência social e educacional, havia três opções como castigo. Ajudar as irmãs na cozinha, onde se aprendia a fazer bolo, pães e hóstias. Ir à sala de trabalho manuais e artístico onde aprendia a conhecer a diferença da pintura de um Caravaggio e de um Van Gogh ou ir para a biblioteca. A minha opção sempre foi a biblioteca. Um corredor imenso com as prateleiras abarrotadas de liros diante dos meus olhos. A vasta literatura clássica brasileira, francesa, inglesa, portuguesa, grega e detalhe, até russa.
Ler livro amplia o horizonte. E que nos faz ser capaz de conhecer o Mundo através dos olhos e os pensamentos dos escritores. As irmãs davam a opção de escolha sem discriminar o que eu queria ler. E os meus oito anos, o meu primeiro livro que escolhi foi Iracema, A Virgem dos Lábios de Mel de José de Alencar. Fernando Pessoa permeou o meu imaginário. Lembro que chorei do poema do Gonçalves Dias, Juca Pirama. Na adolescência os livros russos e alemães faziam parte da minha mesa de cabeceira.
Infelizmente, no Brasil de hoje, temos muitos escritores bons que querem a chance de publicarem os seus livros. Quanto existe a chance de publicá-los, ninguém sabe, a não ser alguns poucos com muita publicidade de uma mídia globalizada. Mas não existe política pública cultural para isso. Enquanto que nos Estados Unidos e na Europa milhares de editoras e de agentes literários ávidos por quererem publicar o seu livro, sendo que aqui, são poucas dezenas de profissionais que se arriscam quando acham que podem virar Best Sellers. E acabam se engando, e se retraem mais ainda.
Enquanto, o Poder Público e a iniciativa privada que lidam com a cultura e a educação não investirem em massificar o povo brasileiro, nós veremos o que existe hoje, um País sem CULTURA, é um País sem IDENTIDADE e sem HISTÓRIA.